quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Obra: Felicidade Clandestina

Autora: Clarice Lispector
Editora: Objetiva
Ano: 1971

O conto é narrado em 1ª pessoa, fala sobre as infames presentes no cotidiano, tais como o egoísmo, a inveja, a maldade e a vingança, mostrando que todos esses adjetivos podem se aplicar não só aos adultos, mas também às crianças vistas sempre como inocentes.
Deste modo o conto dá um exemplo claro que isso realmente acontece, conta a história de uma menina vista como fora dos “padrões de beleza” de outras meninas que conhecia como, ser alta, magra e de cabelos lisos, pois era exatamente o contrário, porém desfrutava de algo que muitos teriam a felicidade de ter, seu pai era dono de uma livraria.
Tendo essa única “vantagem”, percebeu que poderia usá-la como chantagem para que pudesse de vingar das garotas bonitas.
Ao receber o livro mais cobiçado da época, “As reinações de Narizinho” de Monteiro Lobato, se deparou com a tão esperada oportunidade de por em prática um plano cruel e maldoso contra uma delas.
A que quisera o tal livro emprestado ficou maravilhada ao saber que ela o emprestaria, e que bastava ir buscá-lo na casa da tal filha do dono da livraria.
Dia após dia a menina ia para finalmente o ter e sempre a decepção vinha ao seu encontro, pois dizia que passa-se amanhã, e amanhã, e amanhã exercendo de forma tranquila e cruel seu plano diabólico.
Certa vez, na visita rotineira, a mãe da menina que já dissera para que a outra voltasse no dia seguinte, pediu explicações para as constantes vezes em que a menina vira á sua casa. Após ser baqueada com a verdade do que realmente era sua filha, assustada, mas, consciente do fato ocorrido pegou o livro e o emprestou por quanto tempo quisesse já que o livro nunca tinha saído de sua casa e sua filha não tinha nem se importado em o ler.
A garota irradiou-se com seu desejo alcançado, o livro em suas mãos como tanto o quis. Era tanta sua felicidade que fazia surpresas para si mesma, fingindo que não o tinha, que o perdera só para ter a alegria de retomá-lo, alimentando assim, sua felicidade clandestina.
Autora: Clarice Lispector.
Ao mesmo tempo que ousava desvelar as profundezas de sua alma em seus escritos, Clarice Lispector costumava evitar declarações excessivamente íntimas nas entrevistas que concedia, tendo afirmado mais de uma vez que jamais escreveria uma autobiografia. Contudo, nas crônicas que publicou no Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, deixou escapar de tempos em tempos confissões que, devidamente pinçadas, permitem compor um auto-retrato bastante acurado, ainda que parcial. Isto porque Clarice por inteiro só os verdadeiramente íntimos conheceram e, ainda assim, com detalhes ciosamente protegidos por zonas de sombra. A verdade é que a escritora, que reconhecia com espanto ser um mistério para si mesma, continuará sendo um mistério para seus admiradores, ainda que os textos confessionais aqui coligidos possibilitem reveladores vislumbres de sua densa personalidade.

Fernanda C. Oliveira e Francielli de Oliveira

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