quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Obra: A caolha

Autora: Júlia Lopes de Almeida
Editora:Objetiva
Ano:1903

O conto apresenta a ingratidão, rejeição e a vergonha sentida pelo filho para com sua mãe, por conta da aparência magra, macilenta, doentia, mal amada, calada e o principal de seus defeitos, ser caolha.
Eles moram juntos e são pobres, ao mesmo tempo em que o,até então, garoto era bom pois a ajudava era mau e em seu intimo se culpava por não tratá-la como deveria, e ela por sua vez, o entendia, porque sabia de sua situação.
Na escola e por toda a vizinhança sofria por ser taxado o tal Antonico ‘’filho da caolha’’, tinham até pena do garoto, mas não se continham.
Rancoroso com o que se passava pediu para que a mãe não fosse mais o buscar na escola por já estar farto da repugnância que o ser humano é capaz. A caolha sempre muito compreensível aceitou calada.
Após alguns anos apaixonou-se por sua vizinha, a admirada ‘’moreninha’’, enviou-lhe então uma carta, e recebeu um ‘’sim’’ inesperado. Antonico, de tão feliz, deixou de lado sua rejeição e beijou a face doente de sua mãe, depois de tanto tempo, fazendo-a estúpida e repentinamente feliz.
Porém, a tão gentil moreninha exigiu que ele se separasse da mãe, pois não queria ser vista como a ‘’nora da caolha’’ e apesar de um grande aperto no coração e aflito a obedeceu.
A mãe teve uma reação inesperada, o mandando embora de casa e o achando ingrato, sendo assim ele partiu cabisbaixo.
Morando com sua amada, no dia seguinte sua madrinha apareceu, o convencendo de voltar à casa para esclarecer todas as idéias, decidida a contar-lhe toda a verdade. Mas que verdade era esta? A verdade mais dolorosa que Antonico poderia ter tido. O causador da cegueira de sua mãe era ele mesmo, fez isso quando ainda era pequenino, no almoço, com um garfo brincava, e furou-lhe um dos olhos, que nunca se curou, sempre saia pus e encontrava-se arroxeado. Sofreu tanto que até desmaiou.
Através da dramaticidade o conto mostra a ingratidão, o rancor, sentimento de culpa em seu intimo por saber do tratamento que dava à própria mãe, afinal Antonico também não passava da grande vítima na história, pois a figura da mãe é, geralmente, doce, suave, bonita, meiga, gentil e querida, sendo que desde pequeno sentia a inferioridade.

Autora: Julia Lopes de Almeida, nasceu em 24 de setembro de 1862, no Rio de Jneiro. Estreou sua carreira como escritora em 1881 escrevendo na ''Gazeta Campinas''. Sua produção literária foi vasta, mais de 40 volumes, entre eles romances, contos, literatura infantil, teatro, crônicas e jornalismo.
Obras: -Romance: “A falência” e “A intrusa”.
-Contos: ‘’Ânsia eterna’’, “Os porcos”, “O voto”, “A casa dos mortos” e “A alma das flores”.

Fernanda C. Oliveira e Francielli de Oliveira

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